Olhar «com olhos de ver»
«[...] Um dia, um novo estudante apresentou-se a Agassiz, pedindo-lhe para o tomar como seu aluno. O naturalista tirou de um frasco um peixe que nele se encontrava conservado e colocou-o perante o jovem estudante, dizendo-lhe que o observasse cuidadosamente. [...] Então, deixou o aluno sozinho com o peixe.
[...] Ao fim de meia hora, o rapaz estava certo de ter observado tudo o que havia a ver sobre o peixe. Mas o naturalista não aparecia.Passaram-se várias horas [...] Sentiu-se farto e desencorajado e desejou nunca ter ido falar com Agassiz. Então, para passar o tempo, começou a contar as escamas. Quando acabou, contou as espinhas. Depois, começou a desenhar o peixe e, ao fazê-lo, notou que o peixe não tinha pálpebras. [...]
Começou a trabalhar com os lápis anotando todos os pequenos detalhes que antes lhe haviam escapado mas que agora lhe pareciam muito evidentes. Começou a captar o segredo da observação. Pouco a pouco foi descobrindo novos pontos de interesse acerca do peixe. Mas isto não bastou para satisfazer o professor, que o manteve a trabalhar no mesmo peixe durante três dias inteiros. Ao fim deste tempo, o estudante sabia realmente alguma coisa acerca do peixe e, muito mais importante, adquirira a capacidade e o hábito da observação cuidadosa e detalhada. [...]»
Notes on orientation, N Y AFS International Intercultural
Programs, Inc., 1978
Pablo Picasso
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